O objetivo deste artigo é analisar a relação entre os agentes estatais e umafração da classe economicamente dominante da economia cafeeira paulista—o “capital cafeeiro”—durante a Primeira República brasileira (1889–1930). Para tanto, escolhi como objeto de análise a política tributária promovida pelo governo do estado de São Paulo durante o período. A minha intencão é mostrar que os agentes estatais ao promoverem uma política tributária essencialmente calcada no imposto de exportação serviram-se de parte significativa do excedente pro-duzido pelo capital cafeeiro para financiar as atividades ordinárias do aparelho estatal paulista (educação, polícia, saúde, judiciário), o que muito desagradou aos membros daquela fração de classe. Estes reagiram à política oficial tanto pela via corporativa como pela via política, sem, contudo, conseguir revertê-la. Por fim, afirmamos que os conflitos políticos oriundos desse embate foram importantes para a configuração da cena política do final da Primeira República.