Onipresente na obra de Gilberto Freyre, na qual recebe tratamento diversificado, o tema da culinária e da alimentação evidencia o projeto científico e o programa político do autor pernambucano, bem como seu pioneirismo e sua importância contemporânea. Buscando um esforço de síntese e a sondagem de alguns aspectos mais recônditos da obra freyreana, esse artigo pretende demonstrar que subjazem ao tratamento da culinária em Freyre os temas-chave de raça, identidade e modernidade. A relação e entre nutrição e raça sugere que argumentos baseados na alimentação foram fundamentais para sobrepor ao paradigma racista um culturalista. A relação entre alimentação e identidade evidencia que a culinária brasileira é epítome do caráter mestiço do brasileiro. A relação entre alimentação e modernidade implica que a culinária nacional há de ser defendida das forças descaracterizadoras da modernização.