As reflexões sobre música popular com frequência enfatizam os casos de experiência musical voluntários, motivados por adesões identitárias, afetivas e simbólicas que os indivíduos e grupos sociais realizam com as músicas que gostam. Mas nem sempre é assim. Este texto tem como objetivo discutir as situações nas quais a experiência musical compulsória gera incomodo nos ouvintes, irritando e intimidando aqueles que não compartilham do prazer de ouvir determinado repertório. O exemplo debatido aqui é o caso do funk, gênero musical brasileiro com histórica vinculação com o contexto das periferias, morros e favelas e que volta a surgir como tema privilegiado na mídia a partir de seu uso nos fenômenos dos rolezinhos, causando incômodo e rechaço. Pensar sobre o incômodo do popular-funkeiro-periférico significa reprocessar ideias sobre a desigualdade social, num contexto de grandes transformações sociais, políticas e comportamentais no Brasil e no mundo.