Hostname: page-component-848d4c4894-wzw2p Total loading time: 0 Render date: 2024-04-30T18:00:20.841Z Has data issue: false hasContentIssue false

Un Voyage de Goa à Ormuz en 1520

Published online by Cambridge University Press:  28 November 2008

Extract

En prenant son service, le 25 janvier 1520, à bord du Santa Maria do Monte, dans le port de Goa, l'escrivão de cette nau portugaise, Cristóvāo Afonso, était porteur d'un registre de cent pages. Conservé aujourd'hui à l'Arquivo Nacional da Torre do Tombo, à Lisbonne, sous la cote Núcleo Antigo 609, ce Lyvro da receyta e despesa da nao Santa Maria do Monte em que vay por capitam e feytor Paris Corbinell pera Ormuz com arroz delRey nosso senhor pera s'entregar ao feytor e oficiaes da feytoria no dito Ormuz nous est parvenu dans un état incomplet. Le texte ne comporte que 27 feuilles écrites, avec la numérotation originale de I à 8, 11 à 16, 24 à 27, 36 à 42, 50 et 51. La perte est loin d'être aussi importante qu'il semblerait. II restait toujours dans les ‘cahiers’ (cadernos) de cette sorte un bon nombre de pages blanches. La comparaison entre les títulos du sommaire établi par l'écrivain au feuillet Iv et l'état présent du manuscrit permet de constater que manque seulement la liste de ce que le capitaine avait reçu au magasin d'Ormuz pour le voyage de retour (fol. 60: ‘As cousas que recebeo o capitam no almazem per'a nao te Goa’), que nous pouvons d'ailleurs connaître en partie par divers items d'autres títulos. Tout à la fin du cahier avaient été transcrits deux alvarás, fol. 97 ‘Alvara da demasya da carga’, et fol. 99 ‘O alvara da capitania de Paris Corbynell’.

Type
Articles
Copyright
Copyright © Cambridge University Press 1988

Access options

Get access to the full version of this content by using one of the access options below. (Log in options will check for institutional or personal access. Content may require purchase if you do not have access.)

References

1 Qalhât, Sur, cf. Aubin, Jean, Le royaume d'Ormuz au début du XVe siècle, dans Mare Luso-indicum, II, Genève, 1973, [pp. 77179], pp. 111–13.Google Scholar Sur les nominations à la feitoria de Qalhât faites en 1520 par Manuel, D., cf. Aubin, Jean, Mercês manuelinas de 1519–1520 para a Índia, dans A abertura do mundo. Estudos de história dos descobrimentos europeus, Em homenagem a Luis de Albuquerque, II (Lisbonne, 1987), (pp. 123–37), pp. 134–5.Google Scholar

2 Fol. 36v. Sur Teive, arabe Tibi, cf. Aubin, Le royaume d'Ormuz, p. 113.Google Scholar

3 Khurfakkân, Aubin, ibid., pp. 116, 117.

4 Fol. 2r. La durée a été de soixante-dix-sept jours, f. 15r.Google Scholar

5 Fol. 2r. Cf. f. 41r: ‘Mais despendeo o dito capytam e feytor na vyajem d'Ormuz pera Goa pelos portos e chegadas per onde veo e a chegada em Goa hum quintall e meio de polvora que lhe foy dada’.Google Scholar

6 Afonso de Albuquerque au Roi, 20. VIII.1512, dans Cartas de Afonso de Albuquerque, I (Lisbonne, 1884), pp. 66, 67.Google Scholar

7 Cartas, I, p. 68 et 81. Albuquerque a donné le chiffre de cinq ‘naos de Goa’ menées à Malacca (aussi, p. 123), mais correctement celui de quatre dans sa lettre à Duarte Galvāo de *1513 (ibid., p. 397).

8 Lettre à Galvāo, Duarte, Cartas, I, p. 396.Google Scholar

9 Mandado d'Albuquerque du 23.IV.1511: dans Cartas, V, pp. 167–8.Google Scholar Même épithète dans un mandado du 23.II.1511: ‘a Santa Catarina nova que sse tomou em Goa’ (Cartas, V. p. 90).

10 Mandado d'Albuquerque du 28.I.1514, Cartas, VI, pp. 1718.Google Scholar

11 Nuno de Castro au Roi, de Cochim, 31.X.1520, dans Cartas, I, aux pp. 178180.Google Scholar

12 Dans, Documentos sobre os Portugueses em Moçambique e na África central, VI, 1519–1537 (Lisbonne, 1969), pp. 92103.Google Scholar

13 Rau, Virginia, Um florentino ao serviço da expansāo portuguesa, Francisco Corbinelli, dans Centre de Estudos de Marinha, Memórias, IV (Lisbonne, 1974), pp. 107–41, 121.Google Scholar

14 Godinho, Vitorino Magalhāes, Os descobrimentos e a economia mundial, 2e éd., III (Lisbonne, 1982), p. 206.Google Scholar

15 Fol. 24r: ‘Aos çinquo dias do mes d'abrill da sobredita era…hymdo pelo mar com tempo nos rodeo a vergua em que se gastaram paos em coregymento e cayro e em forar as ostagas e em outra obra se gastaram tres peças de gunes de Banda os quaes se deram per māo do dito despenseiro da dita nao.’ Fol. 24v: ‘Aos dez dias do sobredito mes…se gastaram mays outras tres peças de gunes de Banda em se tornarem a forar as ostagas da nao e em outras cousas no masto’. Le 28 mars avaient été dépensées sept pièces de gune (‘de gunes dos de Banda em obra da nao e em fazer arrombadas’, f. 24r).

16 Fol. 37r: ‘Aos xxbiij dias do mes de junho despendeo Paris Corbynell capitam e feytor da sobredita nao com sasenta omens que tomou pera desenmastear ha nao dez azares alem da jente da nao por ser pouqua a companha’.

17 Fol. 16r: ‘Despendeo mais o dito Paris Corbynell capitam e feytor da sobredita nao com vynte omens que tomou ha soldo dos que desenmastearam ha nao pera dar ha bonba e pera otharem per ela duas māos d'arroz gyraçall com todos vynte cada dya dando lhe hum pari ha cada hum segundo o que damtes era custume. E lhe deram o dito arroz gyracall por outro nom ser estar na nao e ser entrege ao feytor. Os quaes comearam de servyr o vynte e nove dyas do mes de junho aos quaes deram cada dia as ditas duas māos hate oje domingo honze dyas do mes de juiho que fazem per todos hum candy e duas māos.’ En marge: ‘xxij maos d'arroz’. Fol. 37r-v: ‘Aos xxix dias do sobredito mes dejunho despendeo ho dito capitam e feytor corn vynte omens que tomou a soldo pera olharem na nao cada hum por dia hum çeedi, os quaes servyram ha descarga e hata poer ha nao em monte que foram hata dezasete do mes de juiho. E mais ihe deu do arroz que tynha na nao delRey, saber a cada ornem dous (sic, lege um) paris que fazem cada dez deles hūa māo de Goa que montarn duas māos per dia que sam por todas trinta seys māos. E asy levaram dezoyto pardaos de soldada, saber a rezam por dia de hum çady,’ En marge: ‘xxxbj māos, xbiijδ pardaos’.

18 Fol. 37v–38r: ‘Aos xiij dias do sobredito mes despendeo mais o dito capytam e feytor em rnais vinte homens que tornou pera levantarem as ancoras da nao e pera a toarern do porto aonde se avyarn de varar dando a cada hum por dia dous çadys que montarn dous pardaos.’ En marge: ‘ij pardaos’. ‘Haos xbj dias do sobredito mes despendeo o dito feytor mais com trinta omens que mais tornou pera lymparern ha nao e pera fazerern cordas lestas pera outro dia que a nao veo a monte seys (raturé: pardaos) azares que lhes (deo), saber por dia ha cada hum dous çadis que montam tres pardaos.’ En marge ‘bj azares’. ‘Aos dezasete dias do dito mes que ha nao veo a monte despendeo mais o dito capytarn e feytor corn sasenta omens que mais tomou com a jente que ja dantes tynha tornada que cram vynte omens, aos quaes sasenta omens pagou por dia qua trabaihararn todo seys pardaos, easy despendeo com outrajente que veo trabaihar aos cabrestantes sete pardaos que sam per todos treze pardaos.’ En marge: ‘xiij pardaos’.

19 Fol. 38r–v: ‘Aos xbiij° do sobredito mes despendeo mais o dito capytam e feytor com trirnta omens que tomou pera trabaiharem na nao em poerem as estoras ha nao e em corejerern os paos debayxo da nao e começarem a capar de fora, despendeo tres pardaos.’ En marge: ‘iij pardaos’. ‘Aos dezanove dias do dito mes trabaiharam vynte omens nos quaes despendeo o dito capytarn e feitor dous pardaos, saber dando ha cada hum por dia dous çadis que montarn ditos dous pardaos.’ En rnarge: ‘ij pardaos’. ‘Aos xx dias do dito mes trabaihararn na nao dezoyto omens que lavraram a nao de dentro e de fora corn os quaes despendeo o dito feytor e capitarn nove tangas.’ En marge: ‘ix tangas’.

20 Fol. 38v: ‘Aos xxj dias do dito mes de julho tomou ho dito capytam e feytor estes omens abayxo nomeados por hum mes e Ihes deu ha cada hum segundo he o omem, os quaes tomou asy a soldo por mes por Ihe parecer serem mais barato que tomados por dia e por ho servyç delRey, os quaes sam os segyntes…’. Fol. 40r: ‘…começou ha xxj dias do mes de julho…que se acabara ate vynte dias do mes d'agosto que vyra. os quaes sam pera coregerem a nao com os quaes omens fez o dito feytor preço e paga perante mim estprivam’.

21 Cf. 41r, 41v, 42r.

22 Le 15 décembre ‘se perdeo hua ancora de pedra corn hum cabre ao sayr do porto de Mazcate que se nam pode all fazer senam leyxala por nam ir a nao ter a costa com tempo que nos fazia muito na boca do porto, de maniera que foy necesario deyxala e alargarla com ho cabre’ (f. 23v). Le 26 décembre ‘se cortou o masto de traquete de cyma por ser necesario por nam dar corn o masto grande em bayxo e por fazer menos pendor’ (f. 26v).

23 Cf. ci-après, p. 432.Google Scholar

24 Cf. Yule-Burnell, Hobson-Jobson, sous ‘Tindal’, p. 923.Google Scholar

25 Ibid., sous ‘Serang’, p. 812.

26 Le prénom de Parigi, d'où àla portugaise Paris, est celui de l'arrière-grand-père et du père de Francisco. Il cst naturel qu'on le retrouve datis la lignée à la génération suivante. Notre capitaine figura dans le testament de Francisco (cf. Virginia Rau [n.13], p. 141, carta testemunhavel de D. Joao III, de 1530), mais il n'est pas dit qu'il est son fils. Ce serait alors le fils d'Alessandro, son frère (cf. l'arbre généalogique apud Rau, p. 110).Google Scholar

27 Alcaide do mar en 1515 selon Gaspar Correia, Lendas da India, éd. Lima Felner, II, p. 442. Meirinho en 1524, cf. Torre do Tombo, Corpo Cronológico II–117–47, etc.Google Scholar

28 Le padre serait-il le Frei Duarte signalé à Ormuz comme vigairo en 1516? On ne sait rien d'autre du clergé d'Ormuz dans les années suivantes, cf. da Silva Rego, António, História dos missōes do padroado português do Oriente. Iéndia, I, Lisbonne, 1949, pp. 451–2.Google Scholar Un Nicolau Branco est établi à Goa comme casado en 1513, cf. Cartas de Afonso de Albuquerque, V, pp. 419–20.Google Scholar

29 Rôle des naus et navios que le roi a en Inde en 1521 [cité supra n. 12], p. 98: ‘Hum bragamtym de que era capitāo Cosme Pynto, criado do senhor dom Luis’. La traduction anglaise du document (ibid., p. 99), ‘ward (of) the Prince Dom Luis’, se méprend. Il ne s'agit pas du frère de D. Joāo III, qui eût été appelé ‘o Infante dom Luis’, mais de D. Luiés de Meneses, qui allait, les deux années qui suivirent, s'illustrer dans la mer d'Arabie plus heureusement que son frère le vice-roi D. Duarte de Meneses.

30 Cf. Barros, Décadas da Asia, 11, livre 10, ch. 7: ‘un ashrafi vaut 300 réaux de notre monnaie, deux hazâ valent un ashrafi, dix sadi un demi-ashrafi’. A Goa, ‘l'ashrafi d'Ormuz vaut 5 tangas qui sont 300 reis’, et ‘ 5 tangas valent un pardao de 300 reis le pardao’ (André Nunes, Livro dos pesos da Ymdia e assy medidas e mohedas, éd. dans de Lima Felner, R. J., Subsiédiospara a história da India portuguesa (Lisbonne, 1868), pp. 31 et 32.Google Scholar

31 Le montant global de 169 hazâr 8 sadi donné par Cristovāo Afonso, f. 7r, est inexact. Sauf raison non spécifiée, il devrait être de 178 hazâr 4 sadi.Google Scholar

32 Nunes, , Livro dos pesos, p. 58 note 6.Google Scholar

33 Nunes, , Livro dos pesos, p. 43. A cette ration en riz s'ajoute sur les armadas, un arratel de viande et un arratel de biscuit. Ce qui n'est pas le cas pour l'équipage du Santa Maria do Monte.Google Scholar

34 Torre do Tombo, Corpo Cronológico (CC.) II–121–64.Google Scholar

35 CC. II–121–65. De même CC. II–121–66.Google Scholar

36 CC. II–121–56.Google Scholar

37 CC. II–117–47: ‘por quanto nam ha garoa lhe dares arroz chanbacalll’.Google Scholar

38 CC. 11–117–116, éd. da Silva Rego, A., Documentação para a história das missōes do padroado português Orienle, II (Lisbonne, 1949), nº 10, pp. 30–1.Google Scholar

39 Fol. 15r: ‘…foram trinta candys d'arroz gyraçall e vynte e hum e dezanove maos e meia d'arroz chanbaçall, o quall foy asy despeso por se nam poder fazer lugar no mar na nao’. Cependant le girasal continua d'être consommé après qu'on fut arrive à Ormuz, cf. note 17.

40 Fol. 24v: ‘Aos vynte e seys dias do sobredito mes de março no porto de Goa se quebraram duasjaras d'azeyte de gergelym que nos foram dadas pera gastos da nao e vyajem que tynham dez maos d'azeyte, as quaes quebraram por sua culpa polas nam quiser arrimar e as deyxar fycar pela nao e se hyr a terra. As deve de pagar ele porque se quebraram por sua culpa’. Fol. 25r: ‘Mais despendeo o sobredito despenseiro hate chegarmos a esta çidade [Ormuz] dez maos d'azeyte de gergylym, as quaes o capytam mandou dar a sua custa por quanto Cosmo Nunes seu criado quebrou as jaras em que vynha o azeyte deiRey’. A cinq man la jarre, le man d'huile de Goa étant de 16.8 litres (Nunes, , Livros dos pesos, p. 58Google Scholar), cela représente sur soixante dix-sept jours une moyenne quotidienne de 2. 18 litres.

41 A Ormuz, l'almoxarife dos mantimentos, Fernāo Machado, à fourni a Paris Corbinel 275 jarres d'eau, ‘as quaes se gastaram no bengaçal’ (f. 23v. L'entrée est biffée, et la mention ‘fez-se por verdade’ portée en marge). Cette précision ne nous permet pas de décider si cesjarres furent fournies pour la consommation à terre avant le départ ou pour le voyage. Sur le bangsâr, entrepôt de la douane, cf. Aubin, , Le royaume d'Ormuz, pp. 163–4.Google Scholar

42 Cf. note 32. Au fol. 50r qui est biffe, l'écrivain a écrit ‘oytocentos’. Deux autres passages (f. 13r et 51r) s'accordent qu'il s'agit de ‘setecentos candys d'arroz da terra de Goa, saber gyracall e chanbaçall e algum preto’.Google Scholar

43 Fol. 13r et 51r Le candil poids de Goa équivaut à 220 kg (Nunes, Livro dos pesos), les 27 candil correspondent bien 100 quintais (en peso nuvo).Google Scholar

44 Ils sont transférés à bord les 11 et 13 novembre sur deux péniches, (jangadas), f. 41 r.Google Scholar

45 Sur ces échanges, cf. Aubin, , Le royaume d'Ormuz, pp. 156, 167, 167–9.Google Scholar